De acordo com os dados mais recentes, as lésbicas compõem uma pequena, mas vibrante, parcela da população mundial. Assim, cada lésbica é basicamente um unicórnio em forma humana. Portanto, se conheceres uma lésbica, lembra-te de que estarás na presença de uma criatura mágica e rara.
Nota para homens heterossexuais cisgénero: Não te armes em cavaleiro nem tentes montá-las.
Ironia e humor à parte, vamos investigar de forma mais séria o que dizem os estudos sobre as lésbicas em diversas áreas.
1. Status Socio Económico
Diz o estudo da FRA, que as lésbicas são ligeiramente mais propensas a estarem num trabalho remunerado do que a restante comunidade LGBTQI+ (54.11% e 49.06% respetivamente). No entanto, se investigarmos um pouco melhor, percebemos que o retrato é mais complexo no que respeita ao acesso ao mercado de trabalho,
- Lésbicas que sejam também pessoas intersexo e não binárias,
- Lésbicas com deficiência e
- Lésbicas que sejam trans e que pertençam a uma minoria étnica (incluindo migrantes)
são menos propensas a terem um trabalho remunerado, têm maior probabilidade de estarem no desemprego e com maior probabilidade de não poderem trabalhar devido a problemas de saúde de longa duração.
Preocupante ainda, é o facto de que, apesar de, na generalidade, as pessoas lésbicas apresentarem a mesma proporção de possibilidade de ficar em situação de sem-abrigo que o total da população (aproximadamente 17%), se verificarmos múltiplas intersecções identitárias, o cenário muda drasticamente de figura subindo para:
- 24,17% para lésbicas trans;
26,57% para lésbicas que se identificam como não-binárias; - 35,35% para lésbicas intersexo
- 43,23% para lésbicas trans de minoria étnica, ou seja, quase 3 vezes maior probabilidade de experienciar uma situação de sem-abrigo.
Ainda assim não podemos analisar estes dados de forma leve, pois não foram incluídos dados aprofundados sobre em que situação de emprego se encontravam (se full-time, se part-time, se trabalho informal, etc.), pelo que devemos relembrar o que António Guterres, Secretário Geral da ONU dizia:
“as mulheres ganham menos, poupam menos, detém posições laborais menos seguras e estão mais propensas a terem emprego informal”
2. Parentalidade
Atenção que dizemos parentalidade e não maternidade, pois nem todas as pessoas lésbicas se identificam como mães.
Nesse âmbito, 16,74% de pessoas lésbicas (incluindo 20.66% de lésbicas trans) responderam que têm crianças, comparativamente com 13,31% do total de pessoas inquiridas da comunidade.
No entanto, uma coisa é ter crianças, outra coisa é ter uma relação legal e biológica com essas crianças. Para o total da comunidade inquirida, 74.49% têm uma relação legal e biológica com as crianças, mas quando verificamos apenas as pessoas lésbicas, a relação baixa para os 65.87%. Ainda assim, é surpreendente verificar que:
- lésbicas têm maior probabilidade de terem uma relação legal com a criança, mas não uma relação biológica do que a restante comunidade GBTQI+ (16,50% e 7.90% respectivamente);
- e ainda, têm maior probabilidade de estar a educar uma criança com quem não possuem relação biológica ou legal, do que a restante da comunidade GBTQI+ (15,48% e 8.62% respetivamente)
3. Satisfação com a Vida
O estudo afirma ainda que lésbicas apresentam ligeiramente maior satisfação com a vida (numa escala de 0 a 10) do que a restante comunidade (6.57 e 6.41 respetivamente). No entanto, se aplicarmos um olhar interseccional, verificamos valores mais baixos de satisfação para:
- lésbicas que se identifiquem como pertencentes a minorias étnicas (incluindo migrantes) têm nível de satisfação 6.19;
- lésbicas trans apresentam uma média de satisfação com a vida de 5.82 pontos;
- lésbicas não binárias apresentam níveis mais baixos ainda, de 5,72 pontos;
- lésbicas intersexo apresentam taxa de satisfação com a vida de 5.63 pontos;
- e por último, as lésbicas com deficiência são as que apresentam menor satisfação com a vida – 5.57 pontos.
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