Maio já chegou, e com ele as marchas Queer de Portugal e de todo o mundo.
Se és uma pessoa LGBTQIAP+ ou aliada da causa, tira a tua bandeira do armário, as meias rainbow da gaveta, coloca as pinturas na cara, veste a tua tshirt de unicórnio ou simplesmente traz todo o teu entusiasmo para marchares contra as fobias!
Mais conhecido como “IDAHOBIT”, o dia internacional contra a homofobia, bifobia, interfobia e transfobia pretende combater o estigma e preconceito que algumas pessoas ainda têm em relação à diversidade sexual e de género. Estas pessoas adotam, por vezes inconscientemente, uma visão do mundo cisendoheteronormativa.
– Que palavrão é esse? Cisendoheteronormatividade?
Essa gente “Queer” inventa cada uma!
Pois é, as pessoas Queer são tão “Qriativas”. Queres entender o que o palavrão significa? Vamos por partes!
A palavra cis origina da palavra cisgénero, sendo um diminutivo ou abreviatura para tal. É usada para descrever alguém cuja identidade de género ao longo da sua vida se mantem em conformidade com o sexo que lhe foi atribuído à nascença. Por oposição, surge a palavra trans, diminutivo de transgénero que já foi explicada neste artigo.
A palavra endo é um diminutivo de endosexo e carateriza as pessoas cujas caraterísticas sexuais (externas e internas) se enquadram num padrão socialmente definido como típicas para macho ou para fêmea. Por oposição, surge a palavra inter, de intersexo, que já foi explicada neste artigo.
A palavra hetero é diminutiva de heterossexual, que designa a orientação afetivo-sexual de pessoas que sentem atração por outras de sexo e/ou género diferente do seu. Por oposição, surge homo, diminutivo de homossexual, para designar a atração sentida em relação a pessoas de sexo e/ou género semelhante ao seu. Podes saber mais sobre homossexualidade neste artigo exclusivo.
A palavra indica uma forma de olhar para o mundo de acordo com a norma de que apenas pessoas cisgénero, endosexo e heterossexuais são pessoas válidas, saudáveis e de bem. Ou seja, as pessoas que adotam posturas, discursos ou visões cisendoheteronormativas, acreditam que pessoas transgénero, intersexo ou não-heterossexuais (com outras orientações que não a heterossexual) são pessoas que não deveriam existir, que têm perturbações, que são anormais, que não deveriam ter os mesmos direitos que as outras, etc.
Essas crenças ou visões do mundo, levam à criação de diversas fobias, isto é, de medos (conscientes ou inconscientes) em relação a pessoas que têm orientações, identidades ou expressões diversas.
Como o nome fobia significa medo, aversão, repugnância ou pavor, as pessoas queerfóbicas têm medo em relação a quem é Queer.
Uma pessoa Queer identifica-se com padrões que vão além da cis-heteronormatividade, isto é, padrões que entendem categorias de género, expressão de género, identidade de género ou orientação afetivo-sexual além das construções da binaridade ou heterossexualidade.
Podes ler mais sobre Queer enquanto adjetivo ou teoria no nosso glossário.
O caso da interfobia ainda é mais grave, pois a sociedade continua a acreditar que apenas é possível a existência de dois tipos de corpos, os machos e as fêmeas. E isto é só TÃO FALSO, quanto TÃO ANTI-NATURA. A natureza é diversa! Na natureza existem diversos tipos de espécies, seja animal, seja vegetal. E dentro dessa diversidade ainda existe toda uma imensidade de diversidade. Porque é que a sociedade continua a acreditar que só os seres humanos foram feitos, naturalmente, para serem ou só machos ou só fêmeas?
A interfobia é o medo de pessoas intersexo, ou seja, pessoas que possuem diferenças nas características sexuais ou anatomia reprodutiva, comparativamente às tipificadas para Macho ou Fêmea. Essas características podem surgir no nascimento ou desenvolverem-se ao longo do desenvolvimento da pessoa (muitas vezes durante a puberdade).
Esta é, atualmente, das mais faladas.
Parece que hoje em dia tudo o que tenha a palavra trans associada, já causa medo!
Esse medo, pavor ou repugnância é dirigido a pessoas transgénero. Por vezes, algumas pessoas acham que as pessoas transgénero estão tentando desafiar a biologia, Deus, ou até mesmo que querem converter outras pessoas a fazer mudanças de sexo e/ou de género. Têm medo delas no sentido de acharem que são pessoas com uma doença mental que podem vir a influenciar as suas crianças ou adolescentes a serem transgénero.
Mas nem só as pessoas transgénero sofrem transfobia. Qualquer homem ou mulher (cisgénero), seja ou não heterossexual, poderá vir a sofrer transfobia se a sua forma deser, vestir ou comportar for “contrária” à norma socialmente estabelecida para esse determinado sexo e/ou género.
Se já brincaste com brinquedos “tipicamente associados” ao género oposto, se já usaste adereços ou acessórios tido como “próprios apenas para determinado género”, ou se, por algum motivo, possuis alguma característica que seja considerada como “típica” de outro sexo e/ou género, então esta luta também te diz respeito!
É importante marchar par que continues a viver de forma digna!
É importante marchar para que aquelas pessoas com quem convives ou que amas, continuem a viver livres, podendo ser quem são.
É importante marchar para acabar com o preconceito, a discriminação, o ódio e perseguição!
É importante marchar por todas aquelas pessoas que, por algum motivo, não o podem fazer!
É importante marchar e consciencializar que as orientações, identidades, expressões e características sexuais não são doença, são naturais à humanidade!
É ainda mais importante continuar a marchar numa altura em que assistimos ao crescendo dos movimentos anti-género, onde países europeus e mundiais violam direitos humanos adquiridos, em relação a pessoas LGBTQIAP+:
Dados retirados de Why do we need an International Day against Homophobia, Biphobia and Transphobia? | Stonewall
De norte a sul de Portugal, as marchas LGBTQI+ já começaram e tu, se não queres perder pitada, fica com atenção às datas!
Clica nos nomes das cidades para ir diretamente ao Instragram de cada Marcha!
Para veres a lista completa de marchas e eventos do mês de Maio, Junho e Julho vê a página do Dezanove.
Fontes consultadas:
Why do we need an International Day against Homophobia, Biphobia and Transphobia? | Stonewall
O direito internacional obriga os Estados a fornecer cuidados afirmativos de género pessoas adultas e jovens, mas será mesmo assim a realidade? Com que idade podem as pessoas aceder a estes cuidados?
Num mundo dominado e fortemente influenciado pelas redes sociais, o que está verdadeiramente a acontecer com as crianças e os direitos humanos? Neste artigo irás perceber qual é o verdadeiro perigo para a sociedade: se as pessoas trans ou as redes sociais. Descobre.
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