Como podem as empresas e organizações combater o desemprego de pessoas trans em Portugal?
A população trans em Portugal enfrenta uma crise de desemprego desproporcional. E essa pode ser a oportunidade para as empresas e organizações que desejam fortalecer a sua responsabilidade social, diversidade e inclusão de mostrarem de que lado estão.
De acordo com o EU LGBTIQ Survey III da FRA (2024), a população trans experiencia uma taxa de 18,6% de desemprego, sendo significativamente maior que os 6,5% da população geral em março de 2024 (INE, 2024). e com destaque para o desemprego entre as mulheres trans, que ascende à taxa alarmante de 31%
Essa discrepância não deve ser confundida com falta de qualificação, inteligência ou capacidade para o trabalho. Mulheres e homens trans, bem como pessoas não-binárias ou de género diverso, apresentam índices de escolaridade significativamente superiores à média nacional. Enquanto 31% da população portuguesa em idade ativa possui o ensino superior, esse número ascende a 48% entre homens trans e 75% entre mulheres trans e pessoas não-binárias.
Apesar da identidade de género ser uma categoria protegida de discriminação laboral em Portugal desde 2015, essa mesma discriminação emerge como o principal fator explicativo para a exclusão da população trans do mercado de trabalho. Em contexto de procura de emprego ou em atividade, 67% das mulheres trans sentiu-se discriminada em razão da sua identidade de género (FRA, 2024). O mesmo foi declarado por 27% dos homens trans e 26% das pessoas não-binárias.
No caso das pessoas trans e não binárias, a discriminação laboral pode ainda estar diretamente relacionada com a aparência física, com discrepâncias entre os marcadores de género nos documentos de identificação e a identidade de género da pessoa, ou com constrangimentos associados ao fornecimento de referências de trabalhos anteriores pré-transição. (Jorge Gato, 2022)
“Mas nós não temos pessoas trans na nossa organização”, é uma resposta comum por parte das empresas entidades. No entanto, quando perguntamos se fazem a recolha de dados sensíveis em relação ao género, orientação sexual ou identidade de género das pessoas colaboradoras ou clientes, a maioria responde que não.
Ora, como podem saber se existem ou não pessoas trans na sua organização, se esses dados não estão a ser recolhidos?
Sabia que 90% das pessoas trans em Portugal escondem em algum grau a sua identidade trans no trabalho? Incluir as pessoas trans no mercado de trabalho é responsabilidade legal e social de todas as empresas e entidades, mas não precisa de ser uma dor de cabeça. Nós ajudamos! A Plataforma TransParente tem ajudado as empresas e entidades empregadoras a incluir pessoas trans de através de várias estratégias:
Educação e Formação:
A Plataforma oferece cursos e workshops sobre diversidade sexual e de género, incluindo temas específicos sobre pessoas trans, ajudando a sensibilizar e educar sobre a importância de uma cultura de inclusão e respeito pela diversidade sexual e de género. Como por exemplo:
O Curso Conhecer a Diversidade – o primeiro passo rumo à inclusão
O Curso Excelência em Diversidade e Inclusão – o único curso que transforma verdadeiramente a cultura e estruturas da tua entidade.
Consultoria e Assessoria:
Evite pagar contra-ordenações por desrespeito da identidade de género de pessoas colaboradoras ou clientes da sua empresa ou entidade. Evite ainda perder talento qualificado e resiliente pela inexistência de ambientes de trabalho e culturas respeitosas e afirmativas para pessoas trans, de género diverso ou não binárias. Ajudamos na implementação de políticas inclusivas da diversidade sexual e de género no local de trabalho. A Consultoria e Assessoria pode incluir a revisão de políticas de recursos humanos, adaptação de infraestruturas no ambiente de trabalho e aconselhamento sobre como lidar com documentação e necessidades específicas de pessoas trans.
Apoio à Inovação:
Desde a criação de produtos que pretendam responder às necessidades específicas de pessoas trans, à criação/revisão de conteúdos sensíveís a géneros (além de binários), à criação de sistemas de recolha e tratamento de dados sensíveis, ou ainda à participação em campanhas publicitárias e de sensibilização que promovam a visibilidade e respeito pela diversidade sexual e de género.
Responsabilidade Social:
Ao subscrever à Plataforma TransParentea sua empresa ou entidade está a exercer a sua responsabilidade social em matéria de inclusão da diversidade, ajudando-nos a manter o nosso projeto sustentável e a contribuir para projetos LGBTQI+ em Portugal que não conseguem obter fundos.
Se não sabe por onde começar a navegar nesta jornada rumo à inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho em Portugal, é simples: comece pelo auto-diagnóstico consoante trabalhe na liderança ou não da empresa ou organização:
1. Se trabalha diretamente na liderança da empresa ou organização, utilize a primeira e única Ferramenta de Autodiagnóstico para a Inclusão da Diversidade Sexual e de Género criada em Portugal. E não se preocupe para já com os resultados, sabemos que o primeiro e mais corajoso passo é este que está prestes a dar. Estaremos do seu lado para guiar todo o processo.
2. Se é uma pessoa colaboradora da entidade e não faz parte da liderança da mesma, use este link
Junte-se a nós no combate à crise de desemprego e ajude-nos a reduzir o grave custo da exclusão de pessoas LGBTQI+ sobre a sociedade e economia.
Contacte-nos para saber mais.
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Referências:
European Union Agency for Fundamental Rights, (2024). LGBTQI equality at a crossroads : progress and challenges : EU LGBTQI survey III, Publications Office of the European Union.
Badgett, M. V. L., Nezhad, S., Waaldijk, K., & Rodgers, Y. v. d. M. (2014). The relationship between LGBT inclusion and economic development: An analysis of emerging economies. UCLA School of Law.
Gato, J. (2022). Discriminação contra Pessoas LGBTI+: Uma Revisão de Literatura Nacional e Internacional. In : Estudo Nacional sobre as necessidades das pessoas LGBTI e sobre a discriminação em razão da orientação sexual, identidade e expressão de género e características sexuais. CIG.
ONU Brasil. (2015). O preço da exclusão [Vídeo]. YouTube.
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Com uma formação como Técnico de Apoio Psicossocial e atualmente estudante de uma Licenciatura em Sociologia, iniciou o seu ativismo em Ovar aos 16 anos. Hoje, continua a estudar e intervir em várias temáticas sociais.
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